Roteiro de Ação I - Evolução

Roteiro de Ação I



EVOLUÇÃO: IDAS E VINDAS DE UMA IDEIA BEM-SUCEDIDA


Para começar esta atividade, considere a seguinte afirmativa, muito comum hoje em dia: qualquer espécie de ser vivo atual pode ser considerada como uma evidência de que a vida no planeta Terra surgiu uma única vez e que, portanto, todas as espécies possuem um ancestral comum. A espécie humana não foge a essa regra.

Êpa! Essas são afirmações muito fortes e precisam ser testadas.
Um bom cientista deve pensar em outras hipóteses antes de buscar cegamente pelas evidências que sustentam sua ideia inicial. É isso o que vamos fazer.
1. Que outras hipóteses podemos elaborar para o surgimento da espécie humana?

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 Assista:
 
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Durante a maior parte da história da humanidade, a origem das espécies foi explicada por mitos de criação divina. A esse processo chamamos criacionismo. A ciência não tem como confi rmar nem como descartar o criacionismo já que ele está baseado apenas em fenômenos sobrenaturais, cuja aceitação depende de fé e não de evidências materiais.
Associado ao criacionismo bíblico há outra explicação evolutiva para a origem das espécies, que chamamos de fixismo. Nesse caso, acredita-se que as espécies, além de criação divina, são imutáveis. Essa afirmação, por ter uma base material, pode ser questionada pela ciência.

2. Pense e discuta um pouco sobre a hipótese fixista. As evidências materiais que você conhece reforçam ou descartam essa hipótese? Justifique sua resposta.

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Visite o site:
 http://cienciahoje.uol.com.br/revista-ch/2011/285/lamarck-fatos-e-boatos.
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Jean Baptiste Lamarck (1744-1829) foi um dos primeiros pensadores a perceber que os fósseis são uma forte evidência para a evolução das espécies. Lamarck propôs, no início do século XIX, a seguinte teoria evolutiva: as espécies se originariam por geração espontânea (por transmutação da matéria bruta) de formas bem simples de vida. De acordo com a teoria de Lamarck, ao se depararem com os desafios impostos pelo ambiente à sua sobrevivência, os organismos simples sofreriam mo-dificações sucessivas ao longo do tempo (evolução), adquirindo formas cada vez mais complexas.
Vamos chamar essa teoria de Teoria da Evolução Independente. Veja a figura abaixo, que esquematiza essa ideia. Repare que cada espécie evolui de maneira independente das demais.
Figura 1:Seres vivos se transmutam da matéria bruta e evoluem com o passar do tempo para formas com maior complexidade, de forma independente.

Rejeitar a hipótese da evolução independente é apenas um pouco mais complicado.
3. Se cada espécie (extinta ou atual) tivesse evoluído independentemente das demais, a chance de haver estruturas corporais semelhantes entre elas seria alta ou baixa? Justifique sua resposta.

Você sabe dizer qual o mecanismo de evolução que

Lamarck defendia?


Lamarck afirmava que, após a geração espontânea, cada espécie evoluiria por herança de ca-racterísticas adquiridas pelo uso e pelo desuso. Ou seja, se o ambiente exigia que um organismo usasse excessivamente um órgão para sobreviver e que essa mesma exigência se repetisse ao longo de muitas gerações, isso poderia implicar no nascimento de filhotes com órgãos mais desenvolvidos nas gerações seguintes. Da mesma forma, o desuso, ao longo de muitas gerações, de um órgão que favorecesse a sobrevivência de um organismo levaria, no futuro, ao nascimento de filhotes dessa es-pécie com órgãos atrofiados. Esse mecanismo evolutivo foi batizado de herança de características adquiridas pelo uso e pelo desuso.
Hoje sabemos que o uso e o desuso de um órgão podem levar ao seu aumento ou à sua atrofia ao longo da vida de um indivíduo, mas não podem ser transmitidos biologicamente dos pais para os filhos. Em resumo, a herança de características adquiridas pelo uso e pelo desuso é um mecanismo evolutivo superado.
Vamos agora analisar uma afirmação feita no século XIX por um cientista da época. Essa afir-mação se propõe a explicar o fato de que patos domésticos possuem patas mais fortes e asas mais fracas do que patos selvagens. Lembre que patos domésticos andam mais e voam menos do que patos selvagens. Eis a frase. “Presumo que ninguém duvida que estes fatos decorrem do menor uso das asas e do maior uso das patas.”
4. Essa frase poderia ser creditada a Lamarck? Justifique.

Sem dúvida, Lamarck teria dado a mesma explicação. Porém, quem disse a frase em questão foi Charles Darwin. A herança de características adquiridas pelo uso e pelo desuso era uma explicação para a transmissão de características entre gerações defendida não só por Lamarck, mas por vários cientistas da época, inclusive Darwin. Porém, Darwin, junto com Alfred Russel Wallace, propôs outro mecanismo de evolução que foi batizado de seleção natural.
Darwin foi influenciado pelos criadores de animais (pombos, em especial) e pelo pensamento do economista inglês Thomas Malthus. Os criadores de animais já tinham percebido que havia muita variação entre indivíduos da mesma espécie e que essa variação era herdável, já que os filhotes se pareciam com os pais. Malthus, por sua vez, afirmava que a população humana crescia em progressão geométrica, mas a produção de comida em progressão aritmética. Dessa forma, faltaria comida no planeta para tanta gente. Segundo Malthus, a fome, as doenças e até as guerras restabeleceriam o equilíbrio entre população humana e os recursos alimentares.
Darwin e Wallace intuíram, de acordo com Malthus, que se os recursos ficam limitados, aqueles indivíduos de uma espécie que tiverem características que lhes permitam usá-los melhor devem con-seguir sobreviver e reproduzir mais. Dessa forma, essas caraterísticas se propagariam para a geração seguinte, tornando-se progressivamente dominantes. Tal processo ocorrendo por muitas gerações poderia levar diferentes variedades de uma mesma espécie a formar novas espécies. Ou seja, duas ou mais espécies se formariam a partir de uma espécie ancestral, pela ação da seleção natural.
Durante a segunda metade do século XIX, a teoria de herança de características adquiridas pelo uso e pelo desuso conviveu com a ideia de evolução por seleção natural. Como vimos, Darwin dava crédito às duas. Em 1883, August Weissmann realizou a seguinte experiência com camundongos em seu laboratório.


Toda vez que um camundongo nascia, ele cortava sua cauda. Os camundongos cresciam sem cauda e se reproduziam. A cada nova geração, a cauda era novamente cortada. E isso se repetiu por sucessivas gerações. Weissmann observou, no entanto, que os camundongos das gerações subsequentes nasciam com caudas do mesmo tamanho da geração anterior antes de serem cortadas.
Hoje em dia, muitas pessoas afirmam que, com o passar do tempo, os futuros seres humanos poderão nascer sem o dedo mínimo do pé, ou sem o dente do siso, porque tanto um como o outro são pouco usados ao longo da vida.
5. Você concorda com isso? De que teoria as pessoas estão lançando mão para fazer esse tipo de previsão? A experiência de Weissmann reforça essa ideia?

6. Proponha quais condições deveriam ser satisfeitas para que houvesse uma redução progressiva de dedos mínimos e dentes do siso segundo os princípios darwinistas.

7. Considerando essas condições, podemos prever se haverá redução/extinção do dedo mínimo ou do dente do siso?

Em 1894, o canadense George Romanes cunhou o termo Neodarwinismopara exprimir uma
teoria evolutiva calcada na seleção natural, sem a influência da herança de características adquiridaspelo uso e pelo desuso. Apesar disso, essa teoria de herança manteve adeptos até os anos 1930. Como advento da Genética, na virada do século, e, mais tarde, da Biologia Molecular, ficou claro que o veí-culo da herança biológica era o DNA presente nos gametas. Dessa forma, foi possível realizar a síntese evolutiva que integrou em uma só teoria a seleção natural, a herança genética e a origem de novas espécies (especiação). 

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